Patrões mais Empregados

Porque temos tanta dificuldade de nos adaptarmos a novas relações de trabalho foi a pergunta que ficou em aberto no artigo: Patrões versus Empregados, publicado na edição anterior desta coluna. Vamos ver se temos uma resposta satisfatória.

Antigamente, não muito tempo atrás, as coisas eram e continuavam sendo por muito tempo ainda. Minha avó deixou de herança para minha mãe uma máquina de costura Singer de pedais e correia de couro tubular que somadas as duas donas costurou por quase cinqüenta anos.

Eu que aprendi a colocar a linha no buraco da agulha para minha avó, quando já não enxergava tão bem, provavelmente, tanto quanto ela ou minha mãe, não saberia, na BGO, diferenciar uma Overlock Lumak de um torno. A última vez que vi a Singer da minha mãe ela estava num museu da malha em Jaraguá.

As máquinas, os processos não mudaram apenas, como mudam continuamente, tornando quase impossível a adequação do empregado as novas condições de trabalho. Quando estamos nos habituando ao sistema surge uma nova ferramenta. (Depois ainda dizem que a gente anda pela fábrica estressado porque brigou com a mulher).

Neste contexto virtualmente globalizado também não é fácil ser patrão e administrar a empresa com processos e métodos alienígenas importados sabe lá de que planeta só com a certeza de um consultor de sorriso fácil e terno bem cortado que costumam aparecer e desaparecer junto com as novidades da revista Você e Cia ou Exame.

No fundo deveríamos continuar administrando e trabalhando com a humildade e cautela que nossos avós, que construíram as maiores empresas de Blumenau, nos ensinaram. Como dizia minha avó quem busca fora o que está perdido dentro do coração não tem idéia do que já perdeu.

Para fechar, outra pergunta: alguém saberia dizer quando foi há última vez que a Toyota mudou sua metodologia de trabalho? Respondo na próxima edição, isto se até lá, ainda não tivermos sido substituídos pela próxima novidade do mercado.

Claudemir Casarin
psicólogo socionomista

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