Grupos Criativos de Trabalho

Ainda ontem, acreditava-se que as máquinas “inteligentes” poderiam substituir o homem desde o chão das fábricas aos escritórios no alto da hierarquia empresarial. Considerávamos que quanto mais automatizada-informatizada fosse uma empresa melhor seriam seus índices de produtividade.

Hoje, percebemos com nitidez crescente, que substituir um homem não é contextualmente tão fácil quanto trocar uma máquina e, por vezes, é muito mais oneroso. Se considerarmos, não apenas os custos com treinamento e, incluirmos no custo final o tempo necessário para inserção no grupo de trabalho, para assimilação da cultura própria da empresa, e o fator risco inerente a toda nova contratação de pessoal.

As grandes e médias empresas que concorrem no mercado global estão cada vez mais equiparadas entre si, no que tange ao parque tecnológico e a qualificação técnica de seus colaboradores.

Para nos diferenciarmos da concorrência não basta mais apenas tecnologia de ponta e técnicos bem treinados, precisamos de cérebros dispostos a criar novas formas de trabalhar e produzir se quisermos realmente sobreviver nestes novos tempos onde a concorrência pode tanto morar ao lado quanto esconder-se numa vila chinesa do outro lado da aldeia global.

Alguns empresários gastam fortunas comprando pacotes de métodogias organizacionais, vendidos como se fossem milagres enlatados, na tentativa quase sempre vã de implantar novas culturas de trabalho visando melhorar os níveis de produtividade de suas empresas. “CCQ’s”, “Kaiban’s”, “4,5 ou 10 S’s” e outros enlatados vendidos através de livros, revistas ou palestrantes, alguns mundialmente famosos – ao menos na propaganda auto-promocional, com seus largos e confiantes sorrisos brancos, não tem tido em geral o poder de influenciar os colaboradores de nossas empresas por mais do que o tempo necessário para descontarem seus gordos contra-cheques.

Assim como os povos conquistadores nunca tiveram êxito nas suas tentativas de substituir a cultura dos povos conquistados pela sua, também uma empresa que deseja uma mudança em sua cultura interna, na lógica de trabalho de seus empregados, não tem conseguido a médio e longo prazos alterar substantivamente sua cultura interna importando idéias alienígenas para dentro das suas relações de trabalho.

Sabemos por definição ou pela experiência que uma empresa vista sob a ótica das relações humanas que a atravessam será sempre uma organização complexa que exigirá do seu administrador o gerenciamento e, cada vez mais, o aprimoramento das redes relacionais em que atuam seus colaboradores. E só existem duas formas de se organizar as pessoas de uma fábrica: como máquinas ou como pessoas.

Embora possa parecer inverossímil, uma parte considerável de nossas empresas continuam a gerenciar seus recursos humanos como se fossem máquinas. Existem malharias que ainda substituem costureiras como trocam as máquinas de costura. Tem empresas que ainda acreditam que basta ligar um botão ou soar uma sirene para que seus colaboradores comecem a produzir como máquinas. Ainda se pode encontrar ao lado de muito cartão ponto ou portão de fábrica a velha inscrição: ao entrar deixe seus problemas do lado de fora.

Onde quer que duas ou mais pessoas se encontrem com um objetivo comum de trabalho, formarão sempre um grupo relacional que não consistirá apenas destes indivíduos, enquanto profissionais, mas abrangerá todas as relações do mundo extra profissional mantidas por eles. São estes aspectos intangíveis, imponderáveis e invisíveis para a lógica mecanicista que atravessam as relações profissionais que se bem medidos e tratados podem ser o diferencial maior de uma empresa em tempos de concorrência globalizada cada vez mais acirrada.


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