Evoluir Faz Parte do Jogo

No futebol se vive de resultados. Era a frase que encerrava uma matéria no Santa sobre a sofrível goleada que amargamos no Alto Vale dias atrás.

A impressão que tenho é que no futebol não é de resultados que se vive, mas de frases de efeito. Por exemplo, na semana anterior saímos todos verdes de orgulho do SESI depois de uma outra goleada, só que aplicada por nós. Daí se dizia “esquadra verde”! Podia se ouvir durante o jogo, ainda que timidamente, um “rumo a Tóquio”.

Uma semana antes do vareio em Ibirama ouviamos jogadores, dirigentes e entendidos sorridentes falando em “jogo de equipe”, “elenco bem entrosado”. Apenas um dia depois da derrota plural, o que era visto como exemplo de união e alegria entre os jogadores passou a ser taxado de “noitadas”.

Entre as características mais elogiadas num técnico de futebol inclui-se, invariavelmente, sua capacidade de aterrorizar os atletas até a exaustão psíquica. Claro que há também palavras de efeito para mascarar a afirmação acima (a qual, aliás, é feita apenas por um torcedor, categoria menor no futebol): em futebolês o técnico ditador é chamado de “organizador”, “linha dura” ou “disciplinador”.

No futebol, numa família ou numa empresa frases de efeito não movem ninguém, muito menos uma equipe, para a vitória - excetuando-se as de alguns políticos. Infelizmente nosso futebol ainda é organizado com metodologias do tempo das cavernas e especialistas idem. Impressiona como em momentos de pressão os dirigentes de um clube de futebol raciocinam exatamente como os povos menos evoluídos culturalmente, que vêem nas idéias autoritárias ou messiânicas a solução milagrosa para seus problemas.

Gostaria que algum entendido em futebol respondesse à seguinte pergunta: de onde tiram que uma equipe sob a pressão de uma derrota contundente, com sentimentos de segurança e confiança abalados dentro e fora de campo, vai responder satisfatoriamente se, ao invés de se tratar de minimizar as pressões, se lhe impõe uma sobrecarga alucinada de terror? De onde tiram que um grupo de pessoas trabalha melhor quando a pressão aumenta? Estes métodos arcaicos não são ensinados em nenhuma universidade desde a idade média.

O futebol é o mais lucrativo dos esportes desde o século XX, e talvez cresça também profissionalmente se buscar entender um pouco mais da natureza humana. Para isso precisa urgentemente passar a ser jogado um pouco mais com a cabeça e nem tanto com os pés, ao menos fora de campo.

Para fechar, aos quarenta e seis do segundo tempo, quero escrever a frase que mais me impressiona no futebol: “Em time que está ganhando não se mexe.” Traduzindo: para que evoluir se estamos ganhando? Fim de jogo.


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